quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

CONCIÊNÇA

Poesia premiada em 1º lugar, no Concurso Nacional de Poesias de Caderno, em Ibirité-MG, em 1991, promovido pela DGF Edições.

Seu dotô, eu lhe pregunto:
Cadê o que mecê prumeu?
Rigação pra minha pranta,
E terra pro povo meu?
Será que já tá isquicido
Dum povo que iludido
Ôto dia lhe elegeu?

Pois dotô, sou nordestino,
Um trabaiadô rurá,
Que tem um tiquim de terra
Pra todo ano prantar.
Mas nos ano sem inverno
Minha vida é um inferno,
Vendo a terra isturricar...

Já o dotô seu amigo
Que mora perto de mim,
Mêrmo nos ano de sêca
Sua terra dá capim.
E nois pobe tamo lá,
Pra ele a trabaiá
Ganhando desse tantim...

Pois a sêca num é nada
Para quem dinheiro tem:
Revira e agôa a terra,
Se precisá, vem um trem.
Já o pobe trabaiadô,
Ele mêrmo é o tratô
Sem ajuda de ninguém.

E aí chega o dotô,
Rico latifundiaro,
Por aqui pelo sertão
Enganando os operaro
Falando em reforma agrara
Com essa voz bem crara
Cuma quem fala em inventaro...

Eu já fiz uma prumessa
Com padim Ciço Romão:
Num votá mais nesses home
Nos dia de inleição.
Nem que chova canivete
A coisa num se arrepete
Pois agora eu digo é NÃO...

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